sábado, 26 de setembro de 2009

Intervenção Urbana

Aconteceu numa madrugada de sexta para sábado voltando da Lapa, um daqueles lugares que você odeia mas não deixa de frequentar. No ônibus, existiam dois grupos de amigos bissexuais e afins que não se misturavam, ao lado de um deles, havia três amigos aparentemente bêbados e heterossexuais, que gritavam para pessoas na rua que não os conheciam.

Quando um grito chamou a atenção de um deles:

- MEU PIRU! - disse uma das bissexuais.

Todos no ônibus olharam imediatamente, e os heterossexuais comentaram maliciosamente em voz alta sobre o que ela gritou, talvez com razão, eu também me assustei com esse manifesto peculiar, esse romper de regras de boas maneiras e convivência. - É incomum e inconveniente ouvir certas coisas mais que comuns de se ver - De início eu achei engraçado o cara comentando sobre o acontecido, mas isso começou a se tornar preocupação quando a garota se irritou com o que ele tava falando e reclamou. Houve uma breve discussão até ele levantar e ir em direção dela.

Nesse momento, eu e meus outros amigos(o outro grupo dos bissexuais não citado até então) ficamos em alerta, pois se houvesse qualquer tipo de agressão nós iríamos meter o bedelho no que não nos chamou, afinal, ele assumiu uma postura homofóbica e nós nos preocupamos, principalmente por isso.

Houve discussão em voz alta, ironias e por ultimo um garoto cantando alto como uma tentativa de ignorar os homens querendo arrumar confusão. Foi aí que eu e meus amigos começamos a bater palmas para incentivar a música do garoto de voz rouca. - Uma maneira de mostrar que nem todos naquele ônibus estavam imparciais e de que "lado" estávamos - Os homens se frustraram, comentaram que só tinha viado naquele ônibus e foram embora.

Não é o fim do caso, apenas da primeira parte.

Logo depois os dois grupos de bissexuais viraram um só, e animado com o que aconteceu, eu gritei:

- É isso aí! Nós temos que nos unir, pois o povo gay não se une! Nós nem nos conhecemos mas a gente defendeu vocês porque somos iguais! - voz falha e rouca, consequência da noite.

Eis que surgiu um cara do nada e disse que a Parada Gay é inútil e não tem porque existir, justificando dizendo que o negro não tem uma Parada Negra e o hetero não tem uma Parada Hetero. Minha amiga discordou em termos e em gritos, afinal não estávamos um transporte coletivo, estávamos num debate ambulante.

Tinham os que gritavam suas opiniões, como a nova integrante da discussão, uma loira que gritava sobre religião e respeito. Havia também os que prestavam atenção no que era dito, que balançavam a cabeça concordando com o que era dito por aquela chuva de informações e protestos. E outro tipo de pessoas, aqueles que finjem não estar acontecendo nada, e continuam com suas expressões indiferentes, talvez ouvindo o que estavam falando e pensando sobre, ou odiando tudo isso, pois seus conceitos estão muito bem formados e não ouve um bando de adolescentes rebeldes.

Se realmente entendessem o motivo de tanta rebeldia, não seriamos os vilões da história.

3 comentários:

  1. Opiniões é o q há! Viva a diversidade õ/\o

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  2. Pesquisas apontam de daqui a 50 anos todo serão bissexuais!E como dizia Marquês de Sade "O verdadero amor e o verdadeiro prazer só existe entre dois homens e duas mulheres"
    Adorei o seu blog!To te seguindo

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  3. Engraçado. Um casal de amigos héteros me disse e parei para reparar. Eles afirmaram que na Lapa, só tem maluco drogado, bissexual ou gay. E realmente é verdade. Mas, o preconceito dessas pessoas erustidas é apenas na "frente" dos amigos. Depois, é festa. Já a questão da Parada, tirando a do Rio de Janeiro, o restante realmente tem mais cara de micareta. Mas, só ação de estar presente ali, com uma massa de pessoas que são ou apoiam a causa, já é por si só um ato político.

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