Aconteceu numa madrugada de sexta para sábado voltando da Lapa, um daqueles lugares que você odeia mas não deixa de frequentar. No ônibus, existiam dois grupos de amigos bissexuais e afins que não se misturavam, ao lado de um deles, havia três amigos aparentemente bêbados e heterossexuais, que gritavam para pessoas na rua que não os conheciam.
Quando um grito chamou a atenção de um deles:
- MEU PIRU! - disse uma das bissexuais.
Todos no ônibus olharam imediatamente, e os heterossexuais comentaram maliciosamente em voz alta sobre o que ela gritou, talvez com razão, eu também me assustei com esse manifesto peculiar, esse romper de regras de boas maneiras e convivência. - É incomum e inconveniente ouvir certas coisas mais que comuns de se ver - De início eu achei engraçado o cara comentando sobre o acontecido, mas isso começou a se tornar preocupação quando a garota se irritou com o que ele tava falando e reclamou. Houve uma breve discussão até ele levantar e ir em direção dela.
Nesse momento, eu e meus outros amigos(o outro grupo dos bissexuais não citado até então) ficamos em alerta, pois se houvesse qualquer tipo de agressão nós iríamos meter o bedelho no que não nos chamou, afinal, ele assumiu uma postura homofóbica e nós nos preocupamos, principalmente por isso.
Houve discussão em voz alta, ironias e por ultimo um garoto cantando alto como uma tentativa de ignorar os homens querendo arrumar confusão. Foi aí que eu e meus amigos começamos a bater palmas para incentivar a música do garoto de voz rouca. - Uma maneira de mostrar que nem todos naquele ônibus estavam imparciais e de que "lado" estávamos - Os homens se frustraram, comentaram que só tinha viado naquele ônibus e foram embora.
Não é o fim do caso, apenas da primeira parte.
Logo depois os dois grupos de bissexuais viraram um só, e animado com o que aconteceu, eu gritei:
- É isso aí! Nós temos que nos unir, pois o povo gay não se une! Nós nem nos conhecemos mas a gente defendeu vocês porque somos iguais! - voz falha e rouca, consequência da noite.
Eis que surgiu um cara do nada e disse que a Parada Gay é inútil e não tem porque existir, justificando dizendo que o negro não tem uma Parada Negra e o hetero não tem uma Parada Hetero. Minha amiga discordou em termos e em gritos, afinal não estávamos um transporte coletivo, estávamos num debate ambulante.
Tinham os que gritavam suas opiniões, como a nova integrante da discussão, uma loira que gritava sobre religião e respeito. Havia também os que prestavam atenção no que era dito, que balançavam a cabeça concordando com o que era dito por aquela chuva de informações e protestos. E outro tipo de pessoas, aqueles que finjem não estar acontecendo nada, e continuam com suas expressões indiferentes, talvez ouvindo o que estavam falando e pensando sobre, ou odiando tudo isso, pois seus conceitos estão muito bem formados e não ouve um bando de adolescentes rebeldes.
Se realmente entendessem o motivo de tanta rebeldia, não seriamos os vilões da história.
sábado, 26 de setembro de 2009
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Opiniões é o q há! Viva a diversidade õ/\o
ResponderExcluirPesquisas apontam de daqui a 50 anos todo serão bissexuais!E como dizia Marquês de Sade "O verdadero amor e o verdadeiro prazer só existe entre dois homens e duas mulheres"
ResponderExcluirAdorei o seu blog!To te seguindo
Engraçado. Um casal de amigos héteros me disse e parei para reparar. Eles afirmaram que na Lapa, só tem maluco drogado, bissexual ou gay. E realmente é verdade. Mas, o preconceito dessas pessoas erustidas é apenas na "frente" dos amigos. Depois, é festa. Já a questão da Parada, tirando a do Rio de Janeiro, o restante realmente tem mais cara de micareta. Mas, só ação de estar presente ali, com uma massa de pessoas que são ou apoiam a causa, já é por si só um ato político.
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