domingo, 26 de outubro de 2008

Esperar inspirar

Descruzo as pernas, levanto da cadeira, vou à varanda. Pergunto ao ar o que dizer - o avião ensurdecedor? - não, muito rápido. E a geladeira, fonte de filosofias na hora da fome, é incapaz de me dar quinze linhas de palavras. É melhor eu só pegar o vinho. Por raiva da frustração, a taça se desfaz em minhas mãos, o sangue escorre entre os dedos, toca o chão, olho e reflito, acabo de conceber meu estro... não, não, muito clichê. Limitarei-me a lavar e fazer um curativo.

Bebo. E agora, bobo e suscetível a estabacos, é melhor esperá-la sentado.

Mulher cheia de vontades. Só vem quando quer, se satisfaz e me deixa na agonia de não saber a hora... o dia... o ano que volta
. E a música, frequente artifício, não mais funciona como seu imã e não há droga que meu bolso pague nesse fim de mês.

Então, melhor vomitar - não é vício, querido leitor, esse não é figurativo - deitar, esperar e me desculpar por não escolher as melhores palavras hoje. Eu só queria saber se posso me virar sem ela.

3 comentários:

  1. Não é fácil preencher as linhas, assim como a poltrona.


    ...

    Às vezes o impossível existe!

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  2. Por isso que vamos atrás de coisas que abram nossa mente ao entendimento.
    (lembrei muito disso rs)

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  3. Eu parei de ter inspiração quando larguei minha neurose sobre isto. Agora sinto que simplesmente escrevo.

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