sexta-feira, 16 de novembro de 2012

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ele sentou ao meu lado... ou sentei ao dele... não lembro... nenhum dos dois reparou. Ele olhava para fora de tudo: de si... da janela... dos outros. Com o olhar fixo, será que penetrava ou acariciava aquilo que seus olhos encontravam? Tinha a impressão que sua visão atravessava tudo de uma só vez, atropelando qualquer camada da percepção, da moral e educação.

Não importava o que, mantinha fixos os olhos lá. Esquecia de me ver aqui do lado, esquecido de lhe ver ali vendo o céu que de azul inundado, amarelo iluminado, se cobria de um cinza profundo, gradativo, como se ninguém visse o pequeno buraco de uma tarde de primavera sumir no algodão não tão doce de uma nuvem molhada. Isso o excitava, dava para sentir quando encostava a cabeça para trás e lançava os olhos para cima, onde não me via, enquanto ninguém o via, nem eu.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

a porta, o quarto

- Posso te abrir? pergunto à porta

- Claro que pode

É vermelha, como portas de emergência, puxo para ver o outro lado. Nada de mais. Apenas poeira, como uma casa em obra. Como estou aqui? Em pé, vestindo branco. Paredes brancas, atmosfera cinza e o diálogo vermelho.

Fechei a porta.

Há algo nela que se move em sua superfície, brumas, formas, rugas. Passo para a outra sala, afim de me livrar dessa imagem que me perturba.

Atravesso o próximo cômodo incomodo com ainda a presença da porta atrás de mim que diz enquanto caminho:

- Eu sou a porta... eu sou a parede...

Esse chão, muito empoeirado, não sei se em ruína ou construção.

- Eu sou o chão que você pisa e a pedra que nele está.

- Antes de ser voz já sabia. Penso

- Pois também sou sua mente, que também é porta.










Abro os olhos, estou viajando pelo Aterro que se mostra
pelas janelas, ao lado
do banco, atrás
da porta, perto
do motorista.
calados.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

do que são feitas histórias

- A porta está aberta ou fechada?

Perguntas que em seu primeiro instante é como entrar numa saleta banhada em negro ensurdecedor. A resposta já está, mas aproximo mais o olhar, pra enganar o óbvio. A expectativa suspensa, como uma massa densa de fumaça é mais sensível que o susto das certezas.

- E se o avião cair?

- Morrerei!

- E se você sobreviver?

- Viverei!

A resposta não sara a dúvida.

Perguntas e respostas, são interdependentes, cíclicas, metamórficas, antes de ser palavra. Depois da palavra... ninguém se entende... se questionam.

- Do que você está falando?

- Perguntas exclamativas.

Com sinceridade, admiro os distúrbios na comunicação. Os tais ruídos... são eles que criam as histórias. Essas interrogações não decifradas, esse implícito atrás do que se diz.

quarta-feira, 25 de julho de 2012


na rápida moção da janela
vi lá 

o corpo estendido no chão.

Nem oração

nem grito de 
GOL.

Sem emoção,


o saco preto
jazia


e

ensurdecendo de música,
o passageiro dormia.
ouvindo notícias, 
sobre o aniversário
da morte da poesia.


Ninguém sabia,
mas depois da esquina, 

havia,

enrolado em grossos panos,
derretendo de frio
um mendigo esguio


desviando as rotas
de passos ligeiros
(tensos)
((intensos))
(((extensos)))
((((pretensos))))

... de um algo pra chamar de seu


.