Bom dia, acordo procurando interpretações para um sonho que tive: tinham muitos macacos grandes numa sala pequena, cada um envolto por uma bolha. "Bizarro", penso escovando os dentes "como meu cabelo pode estar tão desgrenhado?" nada que um banho não resolvesse.
Entro no elevador já puto por não ter tomado café da manhã, "Quem mandou acordar tarde?", a porta abre lentamente no terceiro andar. Uma vizinha desastrada com sacolas tenta entrar, "Eu pensava que ninguém saia essa hora da manhã, ainda mais cheio de sacolas... o que deve ter nessas sacolas?" ela finalmente consegue entrar e apertar o botão do térreo "que demora...". Saio do elevador com passos rápidos e cumprimento roboticamente o porteiro, "Quando voltar pra casa tenho que passar no mercado...".
Uma velhinha faz sinal pro motorista do onibus, gesto inútil "Tão inútil quanto aquela máquina de fazer sucos que comprei no Polishop. Aquilo é uma merda!" . Meu ônibus chega e faço sinal, ele para perto de mim e logo subo. "Droga! Odeio ficar em pé. Já vi que meu dia não começou bem!" . Arrisco com minha intuição quem deve se levantar em breve e me posiciono estrategicamente. "Acho que minha sorte mudou" Me sento agilmente, pois esse banco é meu achado.
Como de costume, sem pensar, sem querer, pego o fone de ouvido, aperto o play e excluo meus ouvidos dessas frases distorcidas, mistura da voz de um velho, das perguntas de uma mulher que não sabe o trajeto do ônibus, dos amigos de trabalho e de transporte "You only see what your eyes want to see, how can life be what you want it to be, adoro Madonna... ainda vou dedicar essa música para alguém".
O ônibus já está vazio e silencioso, não preciso mais de meus fones de ouvidos, a paz se instalou - doce ilusão, impossível ter paz no meio da cidade - um homem de terno numa manhã de 30º graus entra no ônibus e começa a falar de seu Deus e sua paz, anulando a minha com suas palavras enfeitadas "Será que ele não vê que está incomodando todo mundo?"
Desço do ônibus e me preparo para desviar dos obstáculos da calçada: as pessoas de passos lentos, o homem que distribui panfletos do dentista que fica logo na esquina, o pedinte que quer meus trocados do ônibus "Meu Deus! Adorei aquela blusa na vitrine!".
Entro no escritório, sento na minha mesa enquanto uma companheira de trabalho que preenche algum papel me pergunta em que dia estamos.
- Nossa! Não creio que não sabe, hoje é dia das crianças - Respondo indignado
- Tá. Mas que número do dia?
- 12 de Outubro, querida, 12 de Outubro - Respondo me virando para a tela do computador para encerrar o diálogo "Como uma pessoa pode ser tão alheia ao mundo? Enfim, melhor eu começar meu trabalho, tenho muitas demandas pra hoje"
sábado, 5 de dezembro de 2009
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Me fez querer ler mais. Me fez sentir. Me fez.
ResponderExcluirJá disse que gosto do que postas? rs
ResponderExcluirBeijos amr.
Eh Vinuxo...vc tem o dom da palavra ^^
ResponderExcluirte amo
e parabéns
Quem é ele para questionar? Ele era apenas mais um.
ResponderExcluirUm dia quero escrever 1/3 das coisas que você escreve!
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